terça-feira, 23 de novembro de 2010

Carta para o meu "Louco Amor"


Como colocar no papel (arrr) na tela do pc, nove anos de saudade?
É impossível, mesmo assim resolvi me aventurar e escrever para você, meu "Louco Amor".
Hoje acordei com gosto de saudade na boca. Já sentiu isso? É possível ter sentimentos tão terrenos aí onde você está?
Saudade do seu cheiro, saudade do seu corpo esguio me envolvendo num gostoso abraço.
Quantas coisas aconteceram nesses nove anos...
Eu casei! Karla saiu de casa. Fafá teve um filho, o Bernardo. Como ele é lindo! Tenho certeza que você seria o bisavô mais orgulhoso do mundo.
Estou morando no Rio. Um pouco distante da mamãe e da vovó, mas sempre falo com elas e tento me manter presente, mesmo que não de corpo.
Aqui faz muito calor e, como ainda não encontrei um serviço fixo, tem vezes que vou a praia durante a semana.
O armazém fechou. Infelizmente a vovó não conseguiu acompanhar a era dos Megamercados e tivemos que fechá-lo, mas pode ficar tranquilo. Ela está bem. Alugou o espaço com facilidade e agora tem tempo para se cuidar e cuidar do Rodrigo, que acabou indo morar com ela pelos problemas de sempre. Isso, infelizmente, ainda não mudou.
A dinda casou com o Alexandre e está super bem. Fico muito feliz por ela. O apartamento deles é lindo!
Sabe, vô, hoje eu iria com o senhor comer churrasco. Não falaríamos mal de ninguém. Prometo. Ou então riríamos um pouquinho de quem estivesse na mesa ao lado.
Eu deixaria o senhor comer carne gordurosa e não falaria nada para a vovó. EU JURO!
Gostaria de te mostrar a minha casa, de mostrar meu carro novo. Pediria umas aulinhas. Sei que o senhor ficaria ao meu lado mesmo quando eu deixasse o carro morrer em horário de rush.
O Gabriel ganhou um irmãozinho: O Gui. Ele é lindo também, vovô. O senhor iria ficar encantado com ele. Ele e o Bê seriam seus melhores amigos. E eu, ficaria com ciúmes. Só para te ouvir dizer que sou mais importante porque eu o fiz virar vovô.
Sei que se estivesse aqui teria secado muitas vezes minhas lágrimas sem se importar em me perguntar o motivo delas.
Sei que uma vez ainda aqui, junto de nós, o senhor me abraçaria, pediria para a vovó fazer macarrão e ainda veríamos programas humorísticos e riríamos de todas as coisas sem graça. Comentaríamos a novela e eu ficaria quieta em todos os jogos de futebol. Principalmente do Botafogo. Em falar nisso, a Karla é botafoguense doente. Tem até uma tatoo com o escudo do clube. O senhor iria se orgulhar!
Não sei se pode saber notícias nossas onde está. Nem sei se é bom para o senhor saber o que acontece por aqui, mas quero que saiba que penso em você todos os dias. Que está comigo todas as horas, nas lembranças, nos pensamentos, na certeza de que mesmo que não tenha mais amor na minha vida eu vou morrer feliz porque já ganhei todo amor que uma pessoa pode receber de outra.
Obrigada por existir e por ser tão maravilhoso que me faz ter a sensação de que ainda posso conversar contigo.
Te amo!

Thatá - seu "Louco Amor"

3 comentários:

karla disse...

Um dia eu vou entender pq as pessoas precisam morrer, alias, eu entendo, só não consigo compreender! Hoje, 9 anos depois... ainda dói tanto saber, ver e sentir a falta da pessoa mais incrivel que esse mundo já teve!
Que saudades eu tenho de sentar no degrau do armazem pra comer cheetos e de repente escutar o vovô gritar: PERECA!!!
Que saudades eu tenho de entrar naquela kombi, sentar nas caixas de compras e ir fazer entregas com ele. Que saudades então dos almoços de domingo, sem esquecer de tirar "palhinha" depois do almoço.

Ah vovô... essa falta que vc faz é inexplicavel e enquanto eu viver eu vou sentir! E o pior, vai doer como se vc tivesse ido embora ontem.
EU TE AMO.

Anônimo disse...

Thatá, de vez em quando passo por aqui.
Seu texto me emocionou, mesmo com o coração endurecido nessa selva de pedra, nesse corredor polonês.
Há nove anos eu ainda me sentia mais filho do que pai.
De vez em quando ainda sonho com ele. Hoje, olhando para trás eu vejo (e sinto) como ele foi meu amigo, compreensivo. Nas horas mais difíceis...
Não tenho certeza se fui um bom filho, pelo menos o que eu gostaria de ter sido ou deveria ter sido.
Uma vez ele me disse que a gente consegue ensinar quase tudo para os filhos, menos o sentimento de gratidão. Que isso a gente nasce com ou sem. Não se ensina ou aprende.
Acho que fui premiado duas vezes: pela convivência e por me achar portador do sentimento de gratidão.
Quanto mais envelheço e acho que entendo qualquer mínima coisa da vida, mais sou grato a ele.

Geraldo Costa

Thaissa Costa disse...

Bom saber que de vez em quando passa por aqui, tio Gê. Bom saber tbm que independente de qquer coisa nossa família sempre tem um ponto em comum: o amor ao vovô.

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